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domingo, 8 de agosto de 2010

As Bençãos da Salvação

O Homem foi criado por Deus para a sua glória e colocou-o num jardim, o Edén, para viver eternamente e em comunhão com Deus, mas o Diabo não contente com isto, veio até o jardim e ao tentar o homem obteve sucesso e o homem desobedeceu a ordem de Deus de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto se tornou pecado e agora o homem perdeu a comunhão com Deus. Para restaurar a comunhão entre Deus e o homem era necessário um sacrifício de sangue, assim, o próprio Deus fez o sacrifício derramando seu próprio sangue.
Com o sacrifício de Cristo decorreram bençãos que nos agraciam, pois por meio deste sacrifício se restabeleu a relação correta do homem com Deus e com todas as criaturas pela justificação, incluindo o perdão dos pecados, a adoção de filhos, a paz com Deus e uma gloriosa liberdade. O homem foi renovado à imagem de Deus pela regeneração, pela vocação interior, pela conversão, pela renovação e pela santificação. O homem foi preservado para a sua herança eterna, livre do sofrimento e da morte, tendo posse da Salvação Eterna pela preservação, pela perseverança e pela glorificação.
O primeiro grupo de benção nos é concedido pela iluminação do Espírito Santo; é aceito pela fé e põe em liberdade a nossa consciência. Deus nos faz profetas. O segundo nos é dado pela obra regeneradora do Espírito Santo, renova-nos e nos redime do poder do pecado. Aqui Deus nos faz sacerdotes. O terceiro grupo de bênçãos nos vem pela obra de preservação, direção e selo do Espírito Santo como o penhor da nossa completa redenção e nos liberta, corpo e alma do domínio da miséria e da morte. Deus nos faz reis.
Em conexão com o primeiro nós olhamos perspectivamente, para a obra consumada por Cristo na cruz, onde os nossos pecados foram expiados. Em conexão com o segundo, olhamos para as alturas, para o SENHOR que vive nos céus e que, como Sumo Sacerdote, está assentado à destra do pai. Em conexão com o terceiro, olhamos prospectivamente, para a futura vinda de Cristo, quando ele sujeitará todos os inimigos e entregará o reino ao pai.
Ao recebermos as bênçãos da Salvação em Cristo, o diabo já não tem poder sobre as nossas vidas e estamos em comunhão com Deus esperando a volta de Jesus Cristo.

sábado, 12 de junho de 2010

Cair no Espírito

Introdução

Em 1923, o missionário sueco Gunnar Vingren, um dos fundadores da Assembléia de Deus no Brasil, fora informado de que um certo movimento pentecostal começava a alastrar-se por Santa Catarina. Sem perda de tempo, Vingren deixou Belém do Pará, berço do pentecostalismo brasileiro, e embarcou para o Sul. No endereço indicado, veio ele a constatar: “Não se tratava de pentecostes, mas de feitiçaria e baixo espiritismo”.

Embora fervoroso pentecostal, Gunnar Vingren não se deixou embair pelo emocionalismo nem pelas aparências. Ele sabia que nem tudo o que é místico, é espiritual; pode brilhar, mas não é avivamento. O misticismo manifesta-se também em rebeldias e mentiras. Haja vista as seitas proféticas e messiânicas.

Teve o nosso pioneiro, como precavido condutor de ovelhas, suficiente discernimento para não aceitar aquele arremedo de pentecostes. Fosse um desses teólogos que colocam a experiência acima da Bíblia Sagrada, o pentecostalismo autêntico jamais teria saído do nascedouro.

Entre as manifestações presenciadas por Gunnar Vingren, achava-se o “cair no poder” que, já naquela época, era conhecido também como “arrebatamento de espírito”. À primeira vista, impressionava; fazia espécie. Não resistia, contudo, ao mínimo confronto com as Escrituras. E nada tinha a ver com as experiências semelhantes que se acham nas páginas da Bíblia.

Irreverente e apócrifo, esse misticismo não se limitou à geração de Vingren. Continua a assaltar a Igreja de Cristo com demonstrações cada vez mais peregrinas e contraditórias. O seu alvo? Levar a confusão ao povo de Deus. No combate a tais coisas, haveremos de ser enérgicos, sábios e convincentes. Mas sempre equilibrados. Através da Bíblia, temos a obrigação de mostrar a pureza e a essência de nossa crença, e a “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3).

Neste artigo, detenhamo-nos no fenômeno do “cair no Espírito”. Até que ponto há de ser aceito? Como lhe aferir a legitimidade? É realmente indispensável ao crescimento da vida cristã? Vejamos, a seguir, como esse movimento ganhou notoriedade em nossos dias.

I - O Que é o “Cair no Espírito”?

Embora não seja alguma novidade, o “cair no Espírito”, como vem sendo caracterizado, começou a ganhar notoriedade a partir de 1994. Neste ano, a Igreja Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto, no Canadá, passou a ser visitada por milhares de crentes - todos à procura de uma bênção especial. Ao contrário das demais igrejas pentecostais, que buscam preservar a ortodoxia doutrinária, a Igreja do Aeroporto, como hoje é conhecida, granjeou surpreendente notoriedade em virtude das manifestações que ocorriam em seus cultos.

Dizendo-se cheios do Espírito, os freqüentadores dessa igreja começaram a manifestar-se de maneira estranha e até exótica. Em dado momento, todos punham-se a rir de maneira incontrolável; alguns chegavam a rolar pelo chão. Justificando essa bizarria, alegavam tratar-se de santa gargalhada. Ou gargalhada santa? Outros iam mais longe: não se limitavam ao estrepitoso dos risos; saíam urrando como se fossem leões; balindo, como carneiros; ou gritando, como guerreiros. E ainda outros “caíam no Espírito”.

À primeira vista, tais manifestações impressionam.

Impressionam apesar de não contarem com o necessário respaldo bíblico. Entretanto, não podemos nos deixar arrastar pelas aparências nem pelo exotismo desses “fenômenos”. Temos de posicionar-nos segundo a Bíblia que, não obstante os modismos e ondas, continua a ser a nossa única regra de fé e conduta.

II - O Cair no Espírito na Bíblia

Nas Sagradas Escrituras, o cair no Espírito não chega a ser um fenômeno; é mais uma reação reverente diante do sobrenatural. Registra-se apenas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, 11 casos de pessoas que caíram prostradas, com o rosto em terra, em sinal de adoração a Deus. E tais casos não se constituem num histórico; são episódicos isolados. Não têm foro de doutrina, nem argumentos para se alicerçar um costume, nem para se reivindicar uma liturgia; não podem sacramentar alguma prática. Afinal, reação é reação; apesar de semelhantes, diferem entre si. Como hão de fundamentar dogmas de fé?

Verifiquemos, pois, em que circunstâncias deram-se os diversos casos de cair por terra nos relatos bíblicos.

1. A força de uma visão nitidamente celestial

As visões, na Bíblia, tinham uma força impressionante. Agitavam, enfraqueciam e até deitavam por terra homens santos de Deus. Que o diga Daniel. Já encerrando o seu livro, o profeta registra esta formidável experiência: “Fiquei, pois, eu só e vi esta grande visão, e não ficou força em mim; e transmudou-se em mim a minha formosura em desmaio, e não retive força alguma. Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e ouvindo a voz das suas palavras, eu caí com o meu rosto em terra, profundamente adormecido” (Dn 10.8,9).

Em sua primeira visão, Ezequiel também se assusta com o que vê. Ele se apavora: “Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isso, caí sobre o meu rosto” (Ez 1.28). Sem liturgia, ou intervenção humana, o profeta prostra-se todo. E quem não haveria de se prosternar? Mesmo o mais forte dos homens, não se agüentaria diante de tamanho poder e glória. Recurvar-se-ia; lançar-se-ia com o rosto em terra.

Mais tarde, encontraremos Ezequiel noutro caso de prostração: “E levantei-me e saí ao vale, e eis que a glória do Senhor estava ali, como a glória que vira junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto” (Ez 3.23). Quem não cairia ante as singularidades da glória de Deus? Quem a resistiria?

Já no final de seus arcanos, Ezequiel vê-se constrangido a comportar-se de igual maneira: “E o aspecto da visão que vi era como o da visão que eu tinha visto quando vim destruir a cidade; e eram as visões como a que vira junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto” (Ez 43.3).

Nesses casos, as visões divinas foram tão fortes que levaram tanto Ezequiel como Daniel a caírem por terra. Noutras ocasiões, porém, a ocorrência de visões, igualmente poderosas, não provocou alguma prostração. Haja vista o caso de Isaías. Embora se mostrasse aterrorizado e compungido com a visão do trono divino, não se menciona ter o profeta caído por terra. Isto significa que as experiências, embora semelhantes, possuem suas particularidades e idiossincrasias. Isto é: cada experiência, ou encontro com Deus, é única. Seria tolice pretender repeti-las para que a sua repetição adquirisse foros de doutrina.

2. O impacto de um encontro com Deus

Além das visões, certos encontros com Deus, tanto no Antigo como no Novo Testamento, levaram à prostração. Mencione-se, por exemplo, o que aconteceu a Saulo no caminho de Damasco. O encontro com Jesus foi tão formidável, que forçou o implacável perseguidor a cair por terra, e a reconhecer a autoridade e a soberania do Filho de Deus: “E caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9.4).

Como nos casos anteriores, nada havia sido programado. Saulo foi levado a recurvar-se em virtude da sublimidade do Senhor Jesus. Noutras ocasiões, porém, os encontros com Deus deram-se de maneira suave. A entrevista de Natanael com Jesus é um exemplo bastante típico dessa suavidade tão santa. O que também dizer do encontro de Gideão com o anjo do Senhor? Ou do encontro de Jeremias com Jeová? Este encontro veio na medida certa; veio de acordo com o caráter suave e melancólico do profeta. Mas tivesse Jeremias o temperamento colérico de Paulo, certamente o Senhor teria agido com impacto para que o vaso fosse quebrado e moldado conforme a sua vontade. Como se vê, as experiências variam de acordo com as circunstâncias e a personalidade das pessoas envolvidas no plano de Deus.

3. Diante da autoridade de Cristo

A autoridade do nome de Cristo é mais que suficiente para fazer com que todos os joelhos dobrem-se diante de si. Aliás, chegará o momento em que todos os seres, quer nos céus, quer na terra, quer sob a terra, hão de se curvar diante da infinita grandeza do nome do Senhor Jesus: “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.9,10).

Na noite de sua paixão, o Senhor demonstrou quão grande era a sua autoridade: “Quando, pois, (Jesus) lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra” (Jo 18.6). Ao contrário dos casos anteriores, nessa passagem quem cai por terra são os ímpios. Recurvam-se estes não em sinal de reverência a Deus, mas em razão da autoridade e soberania irresistíveis de Cristo.

Caso semelhante ocorreu com Ananias e Safira. Ambos caíram por terra em decorrência de sua iniqüidade: “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram” (At 5.3-5).

Casos como esses não são raros. Em nossos dias, muitos são os ímpios que, por se levantarem contra os escolhidos do Senhor, caem por terra e, às vezes, fulminados.

Noutras ocasiões, porém, o Senhor revelou-se de maneira tão suave, que se faz homem diante dos homens. Que encontro mais doce do que aquele que se deu junto ao poço de Jacó? O Senhor revela-se de maneira surpreendentemente afável à mulher samaritana. E a experiência de Nicodemos? Ou a de Zaqueu?

III - Como os Legítimos Representantes de Deus Portaram-se Quando Alguém Caía por Terra?

Ao contrário dos que hoje portam-se como deuses diante de virtuais casos de prostração, os apóstolos de Cristo jamais aceitaram tal deferência. Em todas as instâncias, procuravam sempre glorificar ao nome do Senhor. Em casos semelhantes, até os mesmos anjos agiram com reconhecida e santa modéstia.

Tendo Pedro chegado à casa de Cornélio, a primeira reação deste foi cair de joelhos diante do apóstolo. “Mas Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que também sou homem” (At 10.25,26). O que fariam os astros do evangelismo dos dias atuais? Humilhar-se-iam como o apóstolo? Ou usariam o evento para incrementar o seu marketing pessoal?

Mesmo um poderoso anjo não se aproveitou da ocasião para atrair a si as glórias devidas somente a Deus. O relato é de João: “Prostrei-me aos seus pés para o adorar. E disse-me: Olha, não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus” (Ap 22.8,9).

O anjo bem sabia que o apóstolo prostrara-se aos seus pés por uma circunstância bastante especifica: não há ser humano que não se extasie diante do sobrenatural. A aparição de um ente celestial sempre perturbou os pobres mortais. Nos dias dos juízes, acreditava-se que a visão de um anjo significava morte certa. Por isso, a primeira reação de uma pessoa ao ver um anjo era curvar-se diante do ser angelical. Quem poderia resistir a tanta glória?

Os anjos, porém, recusavam tal deferência. Houve ocasiões em que o anjo do Senhor aceitou elevadas honrarias. Como conciliar tais questões? No Antigo Testamento, sempre que isso ocorria, era devido a presença de um ser especial, que alguns teólogos não vacilam em apontar como a pré-encarnação de Cristo. De uma forma ou de outra, os anjos eram santos o suficiente para agirem com modéstia e humildade, tributando a Deus todo poder e toda a glória.

Que esta também seja a nossa postura! Quando, por alguma circunstância, alguém cair a nossos pés, levantemo-lo para que tribute a Deus, e somente a Deus, toda a honra e toda a glória. E jamais, sob hipótese alguma, induzamos alguém a prostrar-se com o rosto em terra, pois isto contraria a ética e a postura que o homem de Deus deve ter.

IV - Nas Efusões do Espírito Santo de Atos dos Apóstolos Houve Casos de Prostração?

Na ânsia por justificar o cair por terra que, como já dissemos tem de ser visto como episódio e não como histórico, muitos teólogos chegam a colocar tal reação como se fora uma das evidências da plenitude do Espírito Santo. Que pode haver prostração quando da efusão do Espírito, não o negamos. Pode haver, mas não tem de haver necessariamente, nem precisa haver para que se configure o derramamento do Espírito Santo. A prostração não pode ser vista como evidência, mas como uma reação ocasional e esporádica.

Nos diversos casos de efusão do Espírito Santo, nos Atos dos Apóstolos, não se observou algum caso de prostração. No dia de Pentecoste, segundo no-lo notifica o minucioso e detalhista Lucas, estavam todos assentados no cenáculo (At 2.2). Na casa de Cornélio, onde o Espírito foi derramado pela primeira vez sobre os gentios, também não se observou o cair por terra (At 10.44-47). Entre os discípulos de Éfeso também não se registrou alguma prostração (At 19.6).

Em todos esses casos, porém, a evidência inicial e física do batismo no Espírito Santo fez-se presente. Conclui-se, pois, que não se deve confundir evidência com reação. A evidência é a mesma em todos os que recebem a plenitude do Espírito Santo. A reação, todavia, varia de pessoa para pessoa.

Mesmo quando o lugar santo tremeu, não se observou caso algum de prostração (At 4.31). Poderia ter havido? Sim! Mas não necessariamente.

Conclusões

Daquilo que até agora vimos acerca do “cair no Espírito”, podemos tirar as seguintes conclusões, tendo sempre como base as Sagradas Escrituras:

1. Não se pode realçar a experiência, nem guindá-la a uma posição superior à da Palavra de Deus. A experiência é importante, mas varia de pessoa para pessoa; cada experiência é uma experiência; tem suas particularidades. A experiência tem de estar submissa à doutrina, e não há de modificar, por mais extraordinária que seja, nenhum artigo de fé.

2. O cair por terra não pode ser visto nem como evidência da plenitude do Espírito Santo, nem como sinal de uma vida consagrada. A evidência do batismo no Espírito Santo são as línguas estranhas; e a vida consagrada tem como característica o fruto do Espírito. O cair por terra pode ser admitido, no máximo, como reação esporádica de alguma visitação dos céus. Se provocado, ou repetido, deixa de ser reação para tornar-se liturgia.

3. Caso ocorra alguma prostração, deve-se fazer as seguintes perguntas: 1) Qual a sua procedência? 2) Teve como objetivo promover o homem ou glorificar a Deus? 3) Foi usada para catalisar a atenção dos presentes? 4) Foi provocada por sopros, toques ou por algum objeto lançado no auditório? 5) Houve sugestão coletiva? 6) Prejudicou a boa ordem e a decência da igreja? 7) Conta com o respaldo bíblico suficiente? 8) Tornou-se o centro do culto?

4. Devemos estar sempre atentos, pois o adversário também opera sinais espetaculares com o objetivo de enganar os escolhidos: “Surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24).

5. Nos diversos exemplos de prostração que fomos buscar na Bíblia, observamos o seguinte: Os personagens que se prostraram, ou foram prostrados, em virtude de alguma experiência sobrenatural, caíram para frente, e não para trás, como está ocorrendo hoje em algumas igrejas. Não era algo programado, nem ministro algum induzira-os a cair. Ou seja: ninguém precisou soprar neles ou neles tocar para que caíssem. Tais modismos têm levado a irreverência e a bizarria ao seio do povo de Deus. Há alguns que se tornaram tão ousados que jogam até os seus paletós a fim de provocar prostrações coletivas. Isto é um absurdo! É antibíblico!

6. Os casos de prostração narrados na Bíblia deram-se em virtude da reverência e temor que os já citados personagens sentiram ao presenciar a glória divina. No Novo Testamento, o termo usado para prostração é pesotes prosekinsan que, no original, significa: cair por terra em sinal de devoção. Em Apocalipse 5.14, a expressão grega aparece para mostrar os anciãos prostrados aos pés do Cristo glorificado.

7. Voltemos à questão. Pode acontecer prostração numa reunião evangélica? Pode! Mas não tem de acontecer necessariamente; pode, mas não precisa acontecer, nem ser provocada. Caso aconteça, deve ser encarada como reação e não como fato doutrinário. John e Charles Wesley, por exemplo, experimentaram um poderoso avivamento, mas jamais elevaram suas experiências à categoria de doutrina. As heresias nascem quando se supervaloriza a experiência em detrimento da doutrina. Não podemos nos esquecer de que algumas das mais notáveis heresias deste século, como a Igreja Só Jesus, nasceu em pleno período de avivamento.

8. De uma certa forma, todo avivamento provoca extremismos. Cabe-nos, porém, buscar o equilíbrio tão necessário à Igreja de Cristo. Era o que ocorria em Corinto. Não resta dúvida de que os irmãos daquela comunidade cristã haviam recebido uma forte visitação dos céus. Todavia, tiveram de ser doutrinados e disciplinados. A esses irmãos, escreveu Paulo: “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos” (1 Co 14.32,33).

Finalmente, jamais devemos abandonar a Bíblia. Ênfases, como o cair no Espírito, hão de surgir sempre. Não devemos nos impressionar com elas; tratemo-las com o devido equilíbrio. Pois o equilíbrio bíblico e teológico há de manter a igreja de Cristo em permanente avivamento. E o verdadeiro avivamento não extingue o Espírito, mas sabe como evitar os excessos.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A UNÇÃO QUE DERRUBA – Atos 10: 38

Pr. Ev. Sérgio Lopes

Hoje é comum nas igrejas o crente cair, e segundo a maioria dos pastores e lideres o crente está caindo na unção. Porque a glória de Deus na igreja e a unção que está nos pastores e obreiros é muito grande, eu já ouvi falar de uma irmã que foi arremessada a mais ou menos uns três metros de distância, e quando ela se levantou disse ter tido uma visão do céu, eu realmente não consigo compreender isto. Como o Espírito Santo que está aqui para continuar a obra de Jesus e ensinar o homem a ser manso, humilde, carinhoso, misericordioso e amoroso(Jô. 14: 15-26; Mt. 11: 25-30; Ef. 5: 1 e 2)possa arremessar o crente para falar com ele, ou mostrar algo para ele, Deus fala de várias maneiras assim diz a Bíblia. Jô 33: 14-30; I rs. 9: 1-13, mas a Bíblia não fala que Deus derruba ou arremessa o crente para falar com ele, ou para lhe mostrar algo. Quando Deus quer falar com o homem ou lhe mostrar algo, Deus manda com que ele fique de pé. Dn. 10: 4-11; Ez. 2: 1 e 2; Atos 26: 13-16.

Já ouvi falar de igreja inteira, que não houve culto por que alguém orou e o povo caiu na gargalhada por nada mais e nada menos que duas horas inteiras, segundo eles o irmão tinha a unção do riso. Talvez este povo acreditou que em vez de preferir um culto racional I Co. 14: 26-37, com cânticos e louvores de adoração, Palavra e oração e pessoas arrependidas aceitando a Jesus, preferiram neste dia ver o povo por duas horas gargalhando, já ouvi falar que a unção do riso é Bíblica, que Jesus tinha a unção do riso Hb. 1: 1-9. A unção que Jesus passa para a nossa vida é a alegria do perdão, da cura, da libertação, do milagre,da salvação e da vida eterna. Atos 8: 7 e 8. Em fim somos alegres pelo amor de Deus derramado em nossas vidas. Já ouvi caso de que alguém orou e os crentes caíram num profundo sono, segundo eles Este irmão tinha a unção do profundo sono, e eles dizem que é Bíblico Gn. 2: 18 -21. Outro absurdo, pois o homem dormindo não escuta a Palavra, não faz a vontade de Deus e não faz a obra Ef. 5: 14; m. 13: 11 e 12, outros sopram o cai e dizem que quando cai recebem o Espírito Santo e dizem que isto é Bíblico Jô. 20: 19-23, aqui não diz que eles caíram (segundo meu entendimento) aqui é uma profecia de Jesus que se cumpriria alguns dias mais tarde Jô. 16: 7; Atos 1: 1-9; Atos 2: 1-4. No acontecimento do Pentecoste a Bíblia não diz que alguém caiu, eles estavam orando Atos 1: 14, e o Espírito Santo colocou-os em pé para fazerem a obra Atos 2: 14; Ez. 37: 1-10, aqui começou a igreja. Já vi pessoas derrubar o crente com o paletó, chamada a unção do paletó que derruba, dizem que é Bíblico II Rs. 2: 1-22, Eliseu recebeu a capa de Elias, e não saiu derrubando ninguém e nem foi derrubado quando pegou a capa, e lembramos que a unção não estava na capa, mas sim em Eliseu, e a unção que estava em Eliseu era para levantar e não para derrubar. II rs. 13: 14-21.
Diante da glória de Deus o crente cai com o rosto no pó para adorar e não para dormir, rir ou desmaiar. Sl. 95: 1-7; Dn. 10: 4-11; Atos 26: 13-16. Muitos pastores e pregadores acham que a glória de Deus que está sobre eles é maior que a glória que estava sobre Moisés, pois eles dizem que têm tanta unção que o crente chega perto deles e já cai. A unção que estava sobre Moisés não derrubou ninguém. Ex. 34: 29-31; Nm. 12: 1-8.
A manifestação da Glória de Deus na igreja, nos pastores e no crente tem como objetivo trazer a luz e não derrubar Sl. 34: 5; Jõ. 8: 12; Atos 9: 1-4; Atos 13: 46 e 47.
Também já vi uma irmã na igreja, que em todos os cultos ela caia e ficava dormindo, desmaiada ou apagada como preferirem, eu perguntei para o pastor, ele disse que era unção, ela caia na unção. Um dia no culto no momento do louvor, manifestou um demônio terrível nesta irmã, deu um trabalho daqueles para expulsar o demônio. Aquilo que o pastor achava que era unção, poder na verdade era demônio oculto. II Co. 6: 14-16.Segundo o meu entendimento há vários motivos para uma pessoa cair na igreja. A pessoa pode cair de medo, cansaço, cair de franqueza, cair por causa de problemas emocionais, por motivo de saúde, e motivos físicos ou por estar endemoniado. Arrebatamento em Espírito existe e é Bíblico Ap. 1: 9 e 10, Deus pode arrebatar alguém dormindo, orando, ou na igreja, na rua, ou em qualquer lugar, mas isto é pessoal II Co. 12: 1-4, e não serve como base doutrinária.Se alguém diz ter o dom de impor a mão e a pessoa cair e ser arrebatada em Espírito, este dom de arrebatamento não existe e deve ser rejeitado, pois isto não testifica com a Palavra de Deus.Gl. 1: 6-8, e também o cair na unção não há respaldo Bíblico.

A Bíblia fala de unção, no Velho Testamento - De REI: I Sm. 10: 1; I Sm. 16: 1- 13. Veja em I Samuel o que a unção faz na vida de um homem. A unção é para derrubar o inimigo. Também tem a unção de SACERDOTE para ministrar e sacrificar. Ex. 30: 22 -30, e a unção de PROFETA a boca de Deus na Terra I Rs. 19: 13-16.

No Novo Testamento, também temos unção II Co. 1: 12-22; Ef. 4: 8-15, unção para APÓSTOLO, pessoa chamada e escolhida por Deus para colocar o fundamento I Co.3: 10 e 11; Ef. 2: 19 e 20 abrir trabalho, fundar igreja e fazer missões. Atos 13: 1-4.

PROFETA: Pessoas escolhidas e chamadas por Deus para profetizarem a Palavra de Deus pela pregação e pelo ensino. Jr. 7: 25 e 26; Lc. 4: 22 -24.

EVANGELISTA: Pessoas escolhidas e capacitadas por Deus, para fazerem grandes obras evangelisticas, atrair multidões, e fazer grandes eventos evangelisticos com sinais e prodígios e milagres e pregar a Palavra de Deus em qualquer lugar e em qualquer tempo. Atos. 8: 1-13; I Tm. 4: 1-5.

DOUTORES: Pessoas escolhidas e chamadas por Deus, capacitadas com a sabedoria e a ciência da Palavra, para ensinar e interpretar a Palavra de Deus. Obs: Para quem recebe esta unção não há necessidade de fazer cursos, seminários ou faculdades teológicas, pois ele já é capacitado por Deus. II Co. 3: 4 e 5; I Jô. 2: 26 e 27; I Co. 12: 7;Gl. 1: 10-12. Estes Dons estão na Bíblia, é para todos que quiserem, é somente ter a vontade e coragem para buscar. Jr. 33: 2 e 3; Tg. 1: 5; I Rs. 3: 1–13; Dn. 5: 11-14; Ef. 1: 15-17; Cl. 2: 1-3.

PASTOR: Pessoas capacitadas por Deus para pastorear e conduzir o rebanho (ver estudo O Pastor segundo a Bíblia, tema PODER DE DEUS). Jesus foi ungido a Rei, Sacerdote e Profeta. Jõ. 3: 22-35; Ap. 19: 16; Hb. 3: 1; Hb. 5: 1-6; Atos 7: 1-37. E também estava em Jesus todos os ministérios do Novo Testamento Ef. 4: 1-7, e não está escrito que Jesus foi ungido com o Espírito Santo para arremessar as pessoas, derrubar o crente de tanto rir, derrubar pessoas com o sopro, derrubar as pessoas com capas ou paletó, derrubar pessoas para dormir Lc. 4: 14-18. A unção que estava em Jesus é a mesma unção que está naqueles que recebem o seu ministério Ef. 4: 7-15.

A unção de Cristo é para evangelizar, curar enfermo, libertar os oprimidos e cativos do diabo, quebrantar corações, pregar boas novas (perdão, salvação e vida eterna), anunciar o ano aceitável do Senhor. Atos 17: 15-31.
Segundo o meu entendimento a doutrina da unção que derruba é mais um vento de doutrina, nada mais do que doutrinas de demônios, em fim um espírito de erro nas igrejas. I Tm. 4; 1; II Ts. 2: 7-11; Jr. 23: 13; Jr. 6: 16-19;
I Jõ. 4: 6.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A Oração

A Oração


(Efésios 6:18) - Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.

O que é Oração

Oração é uma prática religiosa comum a diversas confissões religiosas. É vulgarmente designado como uma relação, uma conversa ou um ato de reconhecimento e louvor diante de um ser transcendente ou divino.
A oração, na crença cristã, é a comunicação e o fruto consciente do relacionamento com Deus durante a qual a pessoa louva, agradece, intercede pela vida de outro, pede bênçãos a ele ou a outrém, e através dela pode desfrutar da presença de Deus (este último mais citado no Pentecostalismo, que foca mais no Espírito Santo do que em outras denominações). As orações são dirigidas a Deus, por mediação única de Jesus Cristo, e podem ser feitas em voz alta, falada, em canção ou em silêncio.
O ser humano tem em seu ser a necessidade de ter algum tipo de comunhão com Deus, e a oração é um método aceito por todas as religiões, pois expressam a adoração a Deus e a aceitação e resignação diante da Sua vontade. O propósito da oração (Mt 6, 5-13) não seria o de alterar a vontade de Deus, mas de obter para si mesmo e/ou para os outros bênçãos e graças que Deus já estaria disposto a conceder, mas que deveriam ser solicitadas para se obter.

Características da Oração

Nossas orações podem apresentar diferentes características segundo as circunstâncias em que nos encontramos, como também em função das disposições de nossos corações. Citaremos a seguir algumas características da oração.

Petição: É uma exposição das nossas necessidades, é requerer da parte de Deus o que nos faz falta.
Súplica: É uma oração fervorosa com humildade e submissão a Deus, implorando o seu favor.
Lamento: É a expressão de dor que expomos ao SENHOR.
Gemido: É a expressão de uma aspiração profunda, um desejo intenso.
Clamor: É a expressão de pedido por um socorro imediato.
Intercessão: É um serviço de grande valor que consiste em orar e favor daqueles que são objetos do nosso afeto.
Confissão: É o ato pelo qual reconhecemos um mal cometido.
Humilhação: É o ato pelo qual se suporta a aflição como conseqüência dos pecados cometidos, julgando-o e tendo por eles a mesma apreciação que Deus.
Ação de Graças: É a expressão de nosso reconhecimento associada a consciência de que tudo o que agradecemos é fruto da pura graça de Deus.
Adoração: É a ação pela qual rendemos culto a Deus.
Louvores: É o ato que consiste em proclamar as virtudes de uma pessoa por meio de um elogio; ela se expressa de uma forma particular nos cânticos.

Aplicação
A oração é, sem dúvida, um dos principais ministérios desenvolvidos na Igreja, na família ou individualmente. Sem oração, todos os demais ministérios ficam limitados quanto á sua operosidade. Ela é fator de bênçãos na vida de cristãos, sejam eles pastores, advogados, missionários, lixeiros, diáconos, médicos, músicos ou estudantes.
A Bíblia Sagrada trata do assunto, mostrando a sua eficácia na vida de homens e mulheres que fizeram da oração, o seu principal instrumento de comunhão com Deus, e de realização dos seus ideais.
Em todos os lugares, em todos os tempos, homens e mulheres precisam de Deus. Necessitam de sua doce comunhão. Dependem do seu cuidado. Assim, o Deus eterno oferece aos homens, a oportunidade de desfrutar de íntima comunhão com ele, por meio da oração.

domingo, 14 de março de 2010

Eis aqui o homem



(João 19:5) - Saiu, pois, Jesus fora, levando a coroa de espinhos e roupa de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem.


Consideremos o relato da vida de Jesus na Bíblia e vejamos que tipo de homem era esse, que enfrentava a pena de morte.

1. Jesus era um homem de fé. Ele sempre se lembrava da esperança do gozo vindouro (Hebreus 12.2) e isto lhe ajudou em tempos de dificuldade e inquietude, quando os homens se voltaram contra ele e ele teve que suportar o sofrimento e a morte.
2. Jesus era um homem de oração. Freqüentemente ele buscava um lugar solitário onde podia orar a seu pai celestial (Marcos 1.35). O pai era muito real e pessoal para Jesus, aqui na terra, e assim se fortalecia dia a dia.
3. Jesus era um homem compassivo. Ele não considerava suas próprias necessidades quando as necessidades dos demais priorizavam sobre ele. Quando soube da morte de João, sabendo que algum dia ele também seria executado, Jesus sentiu a necessidade do consolo de Deus e buscou a tranqüilidade do deserto; porém quando as pessoas lhe seguiu, “teve compaixão deles,” atendendo as necessidades delas antes mesmo de suas próprias necessidades, (Mateus 14.12-14).
4. Jesus era um homem poderoso. Quando as obras que ele fazia no nome de Deus foram questionadas pelos líderes do povo judeu, Jesus não hesitou em denunciar-los (Mateus 14.23-27). Quando entrou no templo e viu que as coisas de Deus eram tratadas com leviandade sacerdotes e o povo, se encheu de ira e os expulsou de lá (Marcos 11.15-17).
5. Jesus era um homem humilde. Mesmo sendo o filho de Deus e sabendo que um dia todos se inclinarão perante ele quando vier como rei de toda a terra, Jesus era um homem de coração humilde. Mesmo sendo Senhor e mestre de seus discípulos, fez o trabalho de um servo, lavando os pés deles para que aprendessem a ministrar uns aos outros (João 13.4-15).
6. Jesus era um homem manso. Quando Pedro lhe negou. Jesus não lhe repreendeu; somente lhe perguntou posteriormente: “me amas mais do que estes?” (João 21.15). Devido a que o Senhor foi tão bondoso com Pedro, tão sábio em seu trato com ele, Pedro sentiu ainda mais a seriedade de sua falta.
7. Jesus era um homem misericordioso. Jesus ensinou as pessoas que se queriam que Deus lhes perdoasse, eles também deviam perdoar aos que lhes haviam prejudicado (Mateus 6.14-15).
8. Jesus era um homem sábio. Diversas vezes refutou os argumentos de seus inimigos utilizando sua sabedoria. Porém, não se apressava em censurar os demais mesmo quando sabia que seus pensamentos eram maus e que ele tinha mais autoridade que qualquer outro homem para denunciar-los. Quando os fariseus lhe provaram perguntando-lhe se era correto pagar impostos aos romanos, Jesus replicou: “dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Marcos 12.17), isto é, devemos cumprir responsavelmente nossas obrigações seculares sem esquecermos de dar a Deus a lealdade e obediência que por direito lhe pertencem.
9. Acima de tudo, Jesus era um homem obediente. Em todas as circunstâncias de sua vida Jesus fez caso omisso a suas próprias preferências, comodidade e desejo para fazer somente a vontade de seu pai. Sua relutância pessoal a entregar-se à morte era tão intensa que seu suor caía de seu rosto como grandes gotas de sangue. Inclusive chegou até ao extremo de pedir a seu pai que lhe eximisse desta prova; mas concluiu dizendo “não se faça a minha vontade, senão a tua” (Lucas 22.42-44).

Este é o verdadeiro homem a quem como Paulo devemos chamar todos a imitá-lo. (I Corintios 11:1) - Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O Culto que Não Cultua a Deus

O Culto que Não Cultua a Deus

por Pr. José Santana Dória

Por vezes pensamos que não há nenhuma dificuldade ou problema com respeito à liturgia utilizada nos cultos dos nossos dias, pois achamos que tudo aquilo que se está oferecendo a Deus, Ele aceitará, desde que seja feito com sinceridade e zelo. Este falso entendimento mostra que somos uma geração ignorante quanto a forma bíblica de cultuar a Deus. Não nos ocorre que Deus estabeleceu para o culto coisas que lhe agradam, e explicitou outras que não lhe agradam. Portanto, se quisermos que nosso culto seja aceitável precisamos submetê-lo a revelação divina. Se a Palavra de Deus aprovar, podemos ficar tranqüilos e perseverar em nossa atitude. No entanto, se ela desaprovar, humildemente devemos reconhecer diante de Deus o nosso erro e retornar ao princípio bíblico que Deus estabeleceu. Ele espera isso de todos nós.
Não podemos esquecer, que mesmo quando o verdadeiro Deus é adorado, podem existir problemas que tornam está adoração desagradável e mesmo inaceitável para Ele. Isto é o que podemos chamar de “cultuar de forma errada o Deus verdadeiro ou praticar o culto que não cultua a Deus”. Existem formas de culto que em vez de agradar a Deus o entristece: “as vossas solenidades, a minha alma aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer” (Is.1:14).
De acordo com Isaías 1:10-17, a maior queixa contra o povo é que este desobedecia continua e abertamente ao Senhor, mas continuava a lhe oferecer sacrifícios e ofertas, cultuando como se nada tivesse acontecido, como se fosse o povo mais santo da terra. Deus diz que aquilo era abominável (v.13), porque ele não podia “suportar a iniqüidade associada ao ajuntamento solene”. O povo vinha até a presença de Deus, cultuava mas não mudava de vida. Apresentava-se diante de Deus coberto de pecados e sem arrependimento, pensando, talvez, que bastava cumprir os rituais e tudo estaria resolvido. Esse povo aparentemente participava com animação de todos os trabalhos religiosos, fossem festas, convocações, solenidades etc. E ainda era um povo muito dado à oração. Uma oração altamente emotiva, pois eles “estendiam as mãos” e “multiplicavam as orações” (v.15). Mas Deus disse que em hipótese alguma ouviria, pois eram mãos contaminadas e , certamente, orações vazias. Eram hipócritas.
O culto hipócrita que foi denunciado era causado pelo apego a mera formalidade, aos ritos, sem correspondência interior. Por fora tudo estava correto, mas interiormente essas ações litúrgicas não eram expressões de um coração agradecido. Era por essa razão que aquele culto se tornava uma coisa abominável ao Senhor. Assim o Senhor condenou o povo de Israel pela boca do profeta Isaías, dizendo: “este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu...” (Is.29:13). Ou seja, o que está nos lábios é correto, mas as motivações do coração são erradas. No fundo, todas essas expressões hipócritas não passam de atos mecânicos. São invenções humanas que não se importam com a vontade de Deus. O resultado final, é que o formalismo, associado à corrupção doutrinária, produzira um tremendo desvio do Senhor e um afastamento do verdadeiro culto que devemos a Deus. Infelizmente, esse é o tipo de culto que temos atualmente em grande parte das igrejas cristãs, um culto mecânico que desonra Deus, pois, não demonstra amá-Lo de todo coração, de toda alma, com todas as forças e com todo entendimento (Lc.10:27). Com propriedade, podemos dizer que esse é um culto que não cultua a Deus. Jamais podemos nos esquecer que qualquer tipo de adoração não serve para Deus. Há maneiras corretas e outras erradas de se adorar a Deus. Convém aprender a maneira correta. Um culto oferecido a Deus de forma hipócrita, sem honrar a palavra, que perverte o uso dos elementos de culto, que é feito de forma mecânica, que não oferece o melhor ou que não vem acompanhado de uma vida santa, não pode agradar a Deus, NEM PODE SER CHAMADO DE UM CULTO QUE CULTUA A DEUS.
Deus não se agrada de tudo o que fazemos supostamente em seu nome, por isso devemos ser obedientes a Ele e descobrir o que realmente lhe agrada. Precisamos evitar procedimentos e costumes que inventamos, por melhores, mais atrativos e práticos que pareçam. Mas a questão final é: onde podemos descobrir a forma de culto que realmente agrada a Deus? A resposta é que esta forma de culto que cultua a Deus, esta na Sua Palavra. A Bíblia é nossa regra de fé e prática, somente nela podemos encontrar o ensino confiável para entendermos o que agrada a Deus. Se a desprezarmos e confiarmos em nossas técnicas modernas, certamente não estaremos honrando aquele que a inspirou e nos entregou para que fosse o meio pelo qual teríamos conhecimento dele. A Confissão de Fé de Westminster no Capítulo 21, parágrafo 1, diz: “...a maneira aceitável de se cultuar o Deus verdadeiro é aquela instituída por Ele mesmo, e que está bem delimitada por Sua própria vontade revelada, para que Deus não seja adorado de acordo com as imaginações e invenções humanas, nem com as sugestões de Satanás, nem por meio de qualquer representação visível ou qualquer outro modo não prescrito nas Sagradas Escrituras.”
Portanto, podemos concluir afirmando, sem medo de errar, que todas as práticas absurdas encontradas nos cultos dos nossos dias, tais como: orações em conjunto, grupos de oração, bandas, solos, duetos, quartetos, conjuntos, dirigentes, palmas, palmas para Jesus, apelos, danças, culto de jovens, culto de senhoras e crianças, gargalhadas santas, cair no espírito, cuspe santo, cânticos em línguas, urros, recitação de poesias, amarrar, desamarrar, representações teatrais, testemunhos pessoais, culto musicado(cantata), louvorzão, curas, libertações, interromper o culto para cumprimentar os irmãos ou visitantes, luzes coloridas...etc se originaram de pessoas que não se deixaram guiar pela Bíblia, mas antes foram atrás de seus próprios raciocínios e de sua própria vontade (praticam o culto da vontade, onde a adoração é uma questão de gosto e conveniência). Se quisermos agradar a Deus nunca podemos negligenciar a Bíblia. A Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17) e obedecê-la é o melhor culto que poderíamos oferecer ao Senhor.

Pecadores nas Mãos de um Deus Irado

Pecadores nas Mãos de um Deus Irado
por Jonathan Edwards

Sermão pregado em 08 de Julho de 1741 em Enfield, Connecticut - EUA

“... A seu tempo, quando resvalar o seu pé” (Deuteronômio 32.35).

Nesse versículo os ímpios e incrédulos israelitas, que eram o povo visível de Deus, e que viviam debaixo de Sua graça, são ameaçados com a vingança do Senhor. Apesar de todas as obras maravilhosas que Deus operara em favor desse povo, este permanecia sem juízo e destituído de entendimento, como está escrito no versículo 28. e mesmo sob todos os cuidados do céu produziram fruto amargo e venenoso, conforme verificamos nos dois versículos anteriores.
A declaração que escolhi para meu texto, "A seu tempo, quando resvalar o seu pé", parece subentender as seguintes questões, relativas à punição e destruição que aqueles ímpios israelitas estavam sujeitos a sofrer:
1. Que eles estavam sempre expostos à destruição , assim como está sujeito a cair todo aquele que se coloca de pé, ou anda por lugares escorregadios. A maneira como serão destruídos vem aí representada pelo deslize de seus pés. A mesma citação encontramos no Sl 73.18-19, "Tu certamente os pões em lugares escorregadios, e os fazes cair na destruição".
2. Faz supor também que estavam sempre sujeitos a uma súbita e inesperada destruição, à semelhança daquele que anda por lugares escorregadios e a qualquer instante pode cair. O ímpio não consegue prever se, num momento, ficará de pé, ou se, em seguida, cairá. Quando cai, cai subitamente, sem aviso, como está escrito, também, no Sl 73.18-19, "Tu certamente os põe em lugares escorregadios, e os fazes cair na destruição. Como ficam de súbito assolados! Totalmente aniquilados de terror!"
3. Outra coisa implícita no texto é que os ímpios estão sujeitos a cair por si mesmos, sem serem derrubados pelas mãos de outrem, pois aquele que se detém ou anda por terrenos escorregadios não precisa mais do que seu próprio peso para cair por terra.
4. E também a razão pela qual ainda não caíram, e não caem, é por não haver chegado ainda o tempo determinado pelo Senhor. Pois está escrito que quando este tempo determinado, ou escolhido, chegar, seu pé irá resvalar. E então serão entregues à queda, para a qual já estão predispostos por causa do próprio peso. Deus não os susterá mais em lugares escorregadios, mas vai deixá-los sucumbir. Então, nesse exato momento, cairão em destruição, à semelhança daqueles que transitam em terrenos escorregadios, à beira de precipícios, e não conseguem se manter de pé sozinhos,caindo imediatamente e se perdendo ao serem abandonados.
Eu insistira agora num exame maior das seguintes palavras: não há nada, a não ser a boa vontade de Deus, que impeça os ímpios de caírem no inferno a qualquer momento.
Por mera boa vontade de Deus, me refiro à sua vontade soberana, ao seu livre arbítrio, o qual não é restringido por nenhuma obrigação, nem tolhido por qualquer tipo de dificuldade. Em última análise, sob qualquer aspecto, nada, exceto a vontade de Deus, tem poder para preservar os ímpios da destruição por um instante sequer. A verdade dessa observação transparecerá nas seguintes considerações:
1. Não falta poder a Deus para lançar os ímpios no inferno a qualquer momento. A mão dos homens não é suficientemente forte quando Deus se levanta. O mais forte deles não tem poder para resistir-lhe, e ninguém consegue se livrar de suas mãos.Ele não só pode lançar os ímpios no inferno, como pode fazê-lo com a maior facilidade. Muitas vezes, uma autoridade terrena encontra grande dificuldade em dominar um rebelde, o qual acha meios de se fortalecer e se tornar mais poderoso pelo número de seguidores que alicia. Mas com Deus não é assim. Não há força que resista ao seu poder. Mesmo que as mãos se unam, e que enormes multidões de inimigos do Senhor juntem suas forças e se associem, serão todos facilmente despedaçados. São como montes de palha seca e leve diante de um furacão, ou como grande quantidade de restolho perto de chamas devoradoras. Nós achamos fácil pisar e esmagar uma lagarta que se arrasta pelo chão. Achamos fácil também cortar ou chamuscar um fio de linha fino que segura alguma coisa. Então, é simples para Deus, quando lhe apraz, lançar seus inimigos no inferno profundo. Quem somos nós, que imaginamos poder resistir Àquele ante cuja repreensão a terra treme, e perante quem as pedras tombam?
2. Eles merecem ser lançados no inferno. Assim, a justiça divina não se interpõe no caminho dos ímpios; nem faz objeção pelo fato de Deus usar seu poder para destruí-los a qualquer momento. Muito pelo contrário, a justiça fala assim da árvore que produz frutos maus: "... pode cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?" (Lc 13.7). A espada da justiça divina está o tempo todo erguida sobre suas cabeças, e somente a mão de absoluta misericórdia e a mera vontade de Deus podem detê-la.
3. Os ímpios já estão debaixo da sentença de condenação ao inferno. Eles não só merecem ser lançados ali, mas a sentença da lei de Deus, esse preceito de eterna e imutável retidão que o Senhor estabeleceu entre si mesmo e a humanidade, também se coloca contra eles, e assim os mantém. Portanto, tais homens já estão destinados ao inferno. "...o que não crê já está julgado." (Jo 3.18). Assim, todo impenitente pertence, verdadeiramente, ao inferno. Ali é o seu lugar, ele é de lá, como temos em João 8.23: "vós sois cá debaixo" e para lá é destinado. Este é o lugar que a justiçam, a Palavra de Deus e a sentença de sua lei imutável reservam para ele.
4. Assim sendo, eles são objetos da ira e da indignação de Deus, que se manifesta através dos tormentos do inferno. E a razão de não descerem ao inferno agora mesmo não é pelo fato do Senhor, em cujo poder se encontram, estar menos irado com eles no momento, ou, pelo menos, não tão encolerizado como está com aquelas miseráveis criaturas a quem ele atormenta no inferno, as quais experimentam e sofrem ali a fúria de sua indignação. Sim, Deus se acha muito mais furioso com um grande número de pessoas que está vivendo na terra agora, talvez de modo mais tranqüilo e confortável, do que com muitos daqueles que estão experimentando as chamas do inferno. Portanto, a razão porque Deus ainda não abriu a sua mão e os liquidou, não é por ele não se importar com suas iniqüidades, ou não se ofender. O Senhor não se parece com eles, embora pensem que sim. A fúria de Deus arde contra eles, sua condenação não demora. O abismo está preparado, o fogo está pronto, a fornalha incandescente está ardendo, pronta para recebê-los. As chamas vermelhas queimam. A espada luminosa foi afiada e pesa sobre suas cabeças. O inferno abriu a sua boca debaixo deles.
5. O diabo está pronto a cair sobre os ímpios, para apoderar-se deles como coisa sua, no momento em que Deus o permitir. Eles lhe pertencem, suas almas encontram-se em seu poder e sob seu domínio. As Escrituras os apresentam como propriedade de satanás (Lc 11.21). Os demônios os espreitam, estão sempre ao seu lado, à sua direita, esperando por eles como leões esfaimados e enfurecidos que vêem a presa, aguardando a hora de agarrá-la, mas são restringidos por enquanto. Se Deus retirasse sua mão, a qual os refreia, eles cairiam sobre suas pobres almas num instante. A velha serpente está pronta a dar o bote. O inferno escancara sua boca para recebê-los. E se Deus permitisse, seriam rapidamente engolidos e consumidos.
6. Nas almas dos pecadores reinam aqueles princípios diabólicos que os faria arder agora mesmo no inferno, se não fosse a restrição imposta por Deus. Existe na própria natureza carnal do homem uma potencialidade alicerçando os tormentos do inferno. Há aqueles princípios corruptos que agem de maneira poderosa sobre eles, que só dominam completamente, e que são sementes do fogo do inferno. Esses princípios são ativos e poderosos, de natureza extremamente violenta, e se não fosse a mão restringidora do Senhor sobre eles, seriam logo destruídos. Iriam arder em chamas da mesma forma que a corrupção e a rebeldia fazem arder os corações das pessoas condenadas, gerando nelas os mesmos tormentos. As almas dos ímpios são comparadas nas Escrituras com o mar agitado (Is 57.20). Por enquanto Deus controla as iniqüidades deles pelo seu imenso poder, como faz com as ondas enfurecidas do mar, dizendo: "virão até aqui, mas não prosseguirão." Mas se Deus retirasse deles seu poder refreador, seriam todos tragados por elas. O pecado é a ruína e a miséria da alma. Ele é destrutivo pela própria natureza. E se Deus o deixasse sem controle, não seria preciso mais nada para tornar as almas humanas absolutamente miseráveis. A corrupção no coração do homem é algo cheio de fúria incontrolável e sem freio. Enquanto os pecadores viverem aqui, essa fúria será como fogo reprimido pelas restrições divinas. Ao passo que, se fosse liberada, incendiaria o curso natural da vida. E como o coração é um poço de pecado, este mesmo pecado iria imediatamente transformar a alma num forno incandescente ou numa fornalha de fogo e enxofre, caso não fosse restringido.
7. O fato de não haver sinais visíveis da morte por perto, não quer dizer que haja, por um momento, sequer segurança para os ímpios. O fato do homem natural ter boa saúde, de não prever que poderia deixar este mundo num minuto por um acidente, de não haver perigo visível à sua volta, nada disso lhe ser vê de segurança. Contínuas e inúmeras experiências humanas, em todas as épocas, nos mostram que não existem provas de que o homem não esteja à beira da eternidade, ou de que seu próximo passo não venha a ser no outro mundo. Os caminhos e meios, invisíveis e imprevistos, de chegar lá são incontáveis e inconcebíveis. Os homens não convertidos caminham por cima das profundezas do inferno, sobre uma superfície frágil onde existem varias áreas quebradiças, também invisíveis, as quais não conseguirão agüentar o seu peso. As flechas da morte voam ao meio-dia sem serem vistas. O olhar mais atento não pode distingui-las. Deus tem muitas maneiras diferentes e misteriosas de tirar os homens pecadores do mundo e despachá-los para o inferno. Não há nada que faça crer que o Senhor precise de ajuda de um milagre, ou que necessite se desviar do curso natural de sua providência para destruir qualquer pecador, a qualquer momento. Desde que todos os meios para fazer os ímpios deixarem este mundo estão de tal forma nas mãos de Deus, tão absoluta e universalmente sujeitos ao seu poder e determinação, segue-se que a ida dos pecadores para o inferno, a qualquer momento, depende simplesmente da vontade de Deus – quer usando meios ou não.
8. O cuidado e a prudência dos homens naturais em preservar suas vidas, ou o cuidado de terceiros em preservá-las, não lhes dá segurança por um momento sequer. A providência divina e a experiência humana testificam isso. Existem evidências claras de que a sabedoria dos homens não lhes é segurança contra a morte. Se não fosse assim, haveria uma diferença entre a morte prematura e inesperada de homens sábios e prudentes, e dos demais. Mas, o que realmente acontece? "Como morre o homem sábio? Assim como um tolo." (Ec 2.16).
9. Todo o esforço e artimanha dos ímpios para escaparem do inferno não os livram do mesmo, nem por um momento, pois continuam a rejeitar a Cristo, e portanto permanecem ímpios. Quase todos os homens naturais que ouvem falar do inferno alimentam a ilusão de que vão escapar dele. Quanto a sua própria segurança, confiam em si mesmos. Vangloriam-se do que fizeram, do que estão fazendo e do que pretendem fazer. Cada um traça seu próprio plano, pensa em evitar a condenação, e se vangloria e que irá tramar tão bem todas as coisas que seu esquema, com certeza, não falhará. Na verdade, eles ouvem dizer que poucos se salvam, e que a maior parte dos homens que já morreram foram para o inverno; mas cada um deles se imagina capaz de planejar melhor a própria fuga, do que os outros puderam fazer. Dentro de si mesmos dizem que não pretendem ir para esse lugar de tormento, e que pretendem tomar todo o cuidado necessário, esquematizando as coisas de tal forma na ao terem possibilidade de falhar. Mas os insensatos filhos dos homens iludem-se miseravelmente quanto a seus próprios planos. A confiança que depositam na própria força e sabedoria é o mesmo que confiar na fragilidade de uma sombra. A maior parte daqueles que antes viveram debaixo da dispensação da graça, e agora estão mortos, sem dúvida alguma foram para o inferno. E não é por terem sido menos espertos do que os que ainda estão vivos, nem por terem planejado as coisas de tal forma que não lhes assegurou o escape. Se pudéssemos falar com eles, um a um, e perguntar-lhes se, quando vivos, esperavam ser vítimas de tamanha miséria, sem dúvida ouviríamos todos dizer: "Não, eu nunca pensei em vir para cá. Eu tinha esquematizado as coisas de maneira bem diferente. Pensei que iria conseguir algo melhor para mim, que meu plano era adequado. Pensei em me precaver melhor, mas tudo aconteceu de maneira tão repentina. Não esperava por isso naquela época, e nem daquela maneira. Mas tudo veio como um ladrão. A morte foi mais esperta que eu. A ira de Deus foi rápida demais para mim. Oh!, maldita insensatez! Eu me gabava, e me deleitava em sonhos vãos quanto ao que faria no futuro. E justamente quando eu mais falava de paz e segurança, me sobreveio uma súbita destruição."
10. Deus não se sujeita a nenhuma obrigação, nem a nenhuma promessa de manter o homem natural fora do inferno por um momento sequer. Ele não fez absolutamente nenhuma promessa de vida eterna, ou de libertação ou proteção da morte eterna, senão àquelas que estão contidas na aliança da graça – as promessas concedidas em Cristo, no qual todas as promessas são o sim e o amém. Mas obviamente os que não são filhos da aliança da graça não têm interesse na mesma, pois não crêem em nenhuma das suas promessas, e nem têm o menor interesse no Mediador dessa aliança.
Portanto, apesar de tudo que os homens possam imaginar ou pretender sobre promessas de salvação, devido suas lutas pessoais e buscas incessantes, deixamos claro e manifesto que qualquer desses esforços ou orações que se façam em relação à religião, será inútil. A não ser que creiam em Cristo, o Senhor, de modo nenhum Deus está obrigado a conservá-los fora da condenação eterna.
Então, os homens impenitentes estão detidos nas mãos de Deus por cima do abismo do inferno. Eles merecem o lago de fogo e para ele estão destinados. Deus se acha terrivelmente irritado. Seu furor para com eles é tão grande quanto para com aqueles que já estão agora sofrendo o suplício da fúria de sua ira no inferno. Esses ímpios não fizeram absolutamente nada para abrandar ou diminuir sua cólera, portanto o Senhor não está de modo algum preso a qualquer promessa de livramento, nem por um momento sequer. O diabo espera por eles, o inferno já escancarou a sua boca para tragá-los. O fogo latente em seus corações agrava-se agora querendo explodir. E como continuam sem o menor interesse no Mediador, não existem meios, ao alcance deles, que lhes possa dar segurança. Em suma, eles não têm refúgio e nada onde se segurar. O que os retém a cada instante é a absoluta boa vontade divina e a clemência sem compromisso, sem obrigação, de um Deus enraivecido.

Aplicação

Essa mensagem pode despertar as pessoas não convertidas para o significado do perigo que estão correndo. Isso que vocês escutaram é o caso de todo aquele que não está em Cristo. Esse mundo de tormento, isto é, o lago de enxofre incandescente, está aberto debaixo de vossos pés. Ali se encontra o terrível abismo de chamas que ardem com a fúria de Deus, e o inferno com sua imensa boca escancarada. E vocês não têm onde se apoiarem, nem coisa alguma onde se segurarem. Não existe nada entre vocês e o inferno, senão o ar, e só o poder e o favor de Deus podem vos suster. Provavelmente vocês não têm consciência dessas coisas, acham que vão conseguir se livrar do inferno, e não vêem nisso tudo a mão de Deus. E olham as coisas ao seu redor, como o bom estado de vossa saúde física, os cuidados que tomam de vossas vidas, e os meios que usam para vossa própria preservação. Mas essas coisas não representam nada. Se Deus retirasse sua mal, elas de nada valeriam para impedir-vos a queda; elas valem tanto como a brisa tênue que tenta sustentar uma pessoa no ar. Vossas iniqüidades vos fazem pesados como chumbo, pendentes para baixo, pressionados em direção ao inferno pelo próprio peso, e se Deus permitisse que caíssem vocês afundariam imediatamente, desceriam com a maior rapidez, e mergulhariam nesse abismo sem fundo. Vossa saúde, vossos cuidados e prudência, vossos melhores planos, toda a vossa retidão, de nada valeriam para sustentar-vos e conservar-vos fora do inferno. Seria como tentar segurar uma avalancha de pedras com uma teia de aranha. Se não fosse a misericórdia de Deus, a terra não suportaria vocês por um só momento, pois são uma carga para ela. A natureza geme por causa de vocês. A criação foi obrigada a se sujeitar à escravidão, involuntariamente, por causa da vossa corrupção. Não é com prazer que o sol brilha sobre vocês, para que sua luz vos alumie para pecarem e servirem a satanás. A terra não produz de bom grado os seus frutos para satisfazer vossa luxuria. Nem está disposta a servir de palco à exibição de vossas iniqüidades. Não é voluntariamente que o ar alimenta vossos corpos, mantendo viva a chama dos vossos corpos, enquanto vocês gastam a vida servindo os inimigos de Deus. As coisas criadas por Deus são boas e foram feitas para o homem, por meio delas, servisse ao Senhor. Não é com prazer que prestam serviço a outros propósitos, e gemem quando são ultrajadas ao servirem objetivos tão contrários à sua finalidade e natureza. E a própria terra vomitaria vocês se não fosse a mão soberana d'Aquele a quem vocês tanto tem ofendido. Eis aí as nuvens negras da ira de Deus pairando agora sobre vossas cabeças carregadas por uma tempestade ameaçadora, cheia de trovões. Não fosse a mão restringidora do Senhor, elas arrebentariam imediatamente sobre vocês. A misericórdia soberana de Deus, por enquanto, refreia esse vento impetuoso, do contrário ele sobreviria com fúria, vossa destruição ocorreria repentinamente, e vocês seriam como palha dispersada pelo vento. A ira de Deus é como grandes águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a correnteza for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo ao ser liberada. É verdade que até agora ainda não houve um julgamento por vossas obras más. A enchente da vingança de Deus encontra-se represada. Mas, por outro lado, vossa culpa cresce dava dez mais, e dia a dia vocês acumulam mais e mais ira contra si mesmos. As águas estão subindo continuamente, fazendo sua força aumentar mais e mais. Nada, a não ser a misericórdia de Deus, detém as águas, as quais não querem continuar represadas e forçam uma saída. Se Deus retirasse sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente e o mar impetuoso da fúria e da ira de Deus iria se precipitar com furor inconcebível, e cairia sobre vocês com poder onipotente. E mesmo que vossa força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez mil vezes maior do que a força do mais forte e vigoroso diabo do inferno, não valeria nada para resistir ou deter a ira divina. O arco da ira de Deus já está preparado, e a flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a flecha para vosso coração, e estica o arco. E nada, senão a misericórdia de Deus – um Deus irado! – que não se compromete e a nada se obriga, impede que a flecha se embeba agora mesmo do vosso sangue. Assim estão todos vocês que nunca experimentaram uma transformação real em vossos corações pela ação poderosa do Espírito do Senhor em vossas almas – todos vocês que não nasceram de novo, nem foram feitos novas criaturas, ressurgindo da morte do pecado para um estado de luz, e para uma vida nova nunca experimentada antes. Por mais que vocês tenham modificado a conduta em muitas coisas, e tenham possuído simpatias religiosas, e até mantido uma forma pessoal de religião com vossas famílias e em particular, indo à casa do Senhor, sendo até severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão nas mãos de um Deus irado. Somente sua misericórdia vos livra de ser, agora, neste momento, tragados pela destruição eterna. Por menos convencidos que vocês estejam agora quanto às verdades ouvidas, no porvir serão plenamente convencidos. Aqueles eu já se foram, e que estavam na mesma situação que a vossa, percebem que foi exatamente isso que lhes aconteceu, pois a destruição caiu de repente sobre muitos deles, quando menos esperavam, e quando mais afirmavam vier em paz e segurança. Agora eles vêem que aquelas coisas nas quais puseram sua confiança para obter paz e segurança eram nada mais que uma brisa ligeira e sombras vazias. O Deus que vos mantém acima do abismo do inferno vos abomina; ele está terrivelmente irritado e seu furor contra vocês queima como fogo. Ele vê vocês como apenas dignos de serem lançados no fogo. E seus olhos são tão puros que não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil vezes mais abomináveis a seus olhos do que é a mais odiosa das serpentes venenosas para olhos humanos. Vocês o têm ofendido infinitamente mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia a um governante. No entanto, nada, a não ser a sua mão, pode impedir-vos de cair no fogo a qualquer momento. O fato de vocês não terem ido para o inferno a noite passada e de terem tido permissão para acordar ainda aqui neste mundo, depois de terem fechado os olhos ontem para dormir, atribui-se ao mesmo favor. Não existe outra razão porque vocês não foram lançados no inferno ao se levantarem pela manhã, a não ser o fato da mão de Deus ter-vos sustentado. E não existe outra razão porque vocês não caiam no inferno neste exato momento. Oh!, pecador, pense no perigo terrível que se encontra! É sobre uma grande fornalha de furor, sobre um abismo imenso e sem fim, cheio do fogo da ira, que você está pendurado, seguro pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão inflamado contra você, como contra muitas pessoas já condenadas no inferno. Você está suspenso por uma linha tênue, com as chamas da cólera divina lampejando à tua volta, prontas para atearem fogo e queimar-te por inteiro. E você continua sem interesse no Mediador, sem nada onde se agarrar para poder se salvar, nada que possa afastar as chamas da cólera divina, nada de teu próprio, nada que tenha feito ou possa vir a fazer, para persuadir o Senhor a poupar tua vida por um minuto sequer. Considere, então, mais detidamente, vários aspectos dessa cólera que te ameaça com tão grande perigo. 1. A quem pertence essa ira? É a ira do Deus infinito. Se fosse somente a ira humana, mesmo a do governante mais poderoso, comparativamente seria considerada como coisa pequena. A ira dos reis é bastante temida, principalmente dos monarcas absolutos, que possuem os bens e as vidas de seus súditos inteiramente sob o seu poder, para serem usados quando bem entenderem. "Como o bramido do leão é o terror do rei; o que lhe provoca a ira peca contra a sua própria vida." (Pv 20.2). O súdito que enfurece este tipo de governante arbitrário, sofre os maiores tormentos que se possa conceber, ou que o poder humano possa infligir. Porém, os maiores principados da terra, em toda a sua grandeza, majestade e poder, mesmo revestidos de seus grandes terrores, não são mais do que vermes débeis e desprezíveis que rastejam no pó, quando comparados com o grande e todo-poderoso criador e rei dos céus e da terra. Mesmo quando estão enraivecidos e sua fúria chega ao máximo, é muito pouco o que podem fazer. Os reis da terra são, perante Deus, como gafanhotos. Valem menos que nada. Tanto o seu amor quanto o seu ódio são desprezíveis. A ira do grande Rei dos reis é muito mais terrível do que a deles, tal como é maior a sua majestade. "Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer". (Lc 12.4-5). 2. É à ferocidade de sua ira que vocês estão expostos. Lemos, com freqüência, sobre a ira de Deus, como por exemplo em Is 58.18. "Segundo as obras deles, assim retribuirá; furor aos seus adversários." E também em Is 66.15 "Porque, eis que o Senhor virá em fogo, e os seus carros como um torvelinho, para tornar a sua ira em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo." E assim é em muitos outros lugares da Bíblia. Lemos também em ap 19.15: "... o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso." Essas palavras são incrivelmente aterradoras. Se estivesse escrito apenas a "ira de Deus", isso já nos faria supor algo bastante temível. Mas está escrito "o furor da ira de Deus", ou seja, a fúria de Deus, o furor de Jeová! Oh!, quão terrível deve ser esse furor! Quem pode exprimir ou conceber o que essas palavras contêm? Mas não é apenas isso que está escrito, e sim "o furor da ira do Deus Todo-Poderoso." Essas palavras dão a entender que uma grande manifestação de seu poder onipotente vai acontecer. Através dela ele infligirá aos homens todo o furor de sua ira. Assim como os homens costumam manifestar sua própria força através do furor de sua ira, a onipotência divina irá, da mesma forma, se enfurecer e se manifestar. Então, qual será a conseqüência de tudo isso? O que será do pobre verme que vier a sofrer todo este mal? Que mão serão tão fortes, e que coração conseguirá suportar tanto furor? A que terrível, inexprimível, inconcebível abismo de miséria irá chegar a pobre criatura humana que será vítima disso tudo!
Pensem bem, vocês que estão aqui agora, e que permanecem em estado pecaminoso. O fato de Deus vir a efetivar o furor da sua ira, torna implícito que ele infligirá esse castigo sem compaixão. Quando Deus olhar a indescritível aflição do vosso estado, e vir como vossos tormentos são absolutamente desproporcionais à vossa força, e como vossas pobres almas estão esmagadas, imersas em trevas eternas, não terá compaixão de vocês, não ira deter a execução de sua ira, ou, de forma alguma, tornar mais leve sua mão. Nessa hora Deus não usará de misericórdia para com vocês, nem conterá seu vento impetuoso. Ele não terá consideração para com o vosso bem estar, e nem irá evitar que vocês sofram. Na verdade, fará com que sofram na medida exata que sua rigorosa justiça vier a requerer. Nada será modificado só pelo fato de ser difícil para vocês suportarem. "Pelo que também eu os tratarei com furor; os meus olhos não pouparão, nem terei piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos em alta voz, nem assim os ouvirei." (Ez 8.18). Deus está pronto, agora, a usar de compaixão com vocês. Hoje é o dia da misericórdia. Vocês podem clamar neste instante, e ter esperanças de alcançar sua graça. Mas quando o dia da misericórdia passar, vosso lamento, o pranto mais doloroso, os gritos, serão em vão. No que diz respeito ao vosso bem estar, vocês estarão completamente perdidos e alienados de Deus. O Senhor não terá outra opção senão a de entregar-vos ao sofrimento e à miséria. E vocês continuarão não tendo outra perspectiva, pois serão vasos de ira, preparados para a destruição. Não haverá outro uso qualquer para tais vasos, senão o de enchê-los da ira de Deus. Quando clamarem ao Senhor, ele estará tão longe de consolar-vos que, inclusive, está escrito a este respeito que Deus irá, simplesmente, 'rir e zombar' de vocês (Pv 1.25-26).
Vejam quão terríveis são estas palavras do grande Senhor: "O lagar eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo." (Is 63.3). É quase impossível se conceber palavras que tragam em si uma manifestação maior destas três coisas: desprezo, ódio e fúria de indignação. Se clamarem a Deus por consolo, ele estará longe de querer vir consolar-vos, ou de querer demonstrar-vos interesse ou favor. Ao contrario, o Senhor simplesmente irá esmagar-vos sob seus pés. E apesar de saber que, ao pisotear-vos, vocês não poderão suportar o peso de sua onipotência, ainda assim ele não vai se importar, e irá esmagar-vos debaixo de seus pés, sem piedade, espremendo o vosso sangue e fazendo com que o mesmo espirre longe, manchando suas vestes, maculando seu traje. Ele não só irá odiar-vos, como devotará a vós o maior desprezo. Lugar algum será considerado próprio para vocês, a não ser debaixo de seus pés, para serem pisados como a lama das ruas.
3. A miséria a que vocês estão sujeitos é aquela que Deus vos infligirá, a fim de demonstrar a força da ira do Senhor, Deus tem em seu coração a intenção de mostrar aos anjos e aos homens, não só a excelência do seu amor, como a severidade de seu furor. Às vezes os governantes da terra resolvem mostrar a força de sua ira através de castigos extremos que mandam infligir sobre aqueles que os enfurecem. Nabucodonosor, o poderoso e arrogante rei do império dos caldeus, demonstrou seu furor quando, ao se irritar com Sadraque, Mesaque e Abdenego, ordenou que se acendesse a fornalha de fogo ardente sete vezes mais do que o normal. Como era de se esperar, a fornalha foi aquecida intensamente, até atingir o mais alto grau que poderia produzir. O grande Deus também quer revelar a sua ira, e exaltar sua tremenda majestade e grandioso poder através dos sofrimentos desmedidos de seus amigos. "Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos da ira, preparados para a perdição." (Romanos 9.22). E visto que esse é o seu desígnio e o que ele determinou, ou seja, mostrar quão terrível e ilimitada é a ira, a fúria e a indignação do Senhor, ele o mostrará realmente. Será realizado algo horrendo, muito terrível. Quando o grande e furioso Deus tiver se levantado e executado sua terrível vingança sobre o mísero pecador, e o desgraçado estiver sofrendo o peso e o poder infinito de sua indignação, então Deus chamará o universo inteiro para contemplar a imensa majestade e o tremendo poder que nele existe. "Os povos serão queimados como se queima a cal, como espinhos cortados arderão no fogo." "Ouvi vós os que estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais perto, reconhecei o meu poder. Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam: quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas?" (Isaías 33.12-14).
Assim será com vocês que não são convertidos, se permanecerem neste estado. O poder infinito, a majestade e a grandiosidade do Deus onipotente serão exaltados em vocês através da inexprimível força dos tormentos que vos sobrevirão. Vocês serão atormentados na presença dos santos anjos e na presença do Cordeiro. E quando estiverem nesse estado de sofrimento, os gloriosos habitantes do céu sairão para contemplar esse espetáculo horrendo, e verão como é a fúria do Todo-poderoso. E quando virem todas essas coisas, se prostrarão e adorarão seu grande poder e majestade. "E será que de uma lua nova à outra, e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor. Eles sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne." (Isaías 66.23-24).
4. É uma ira eterna. Já seria algo terrível sobre o furor e a cólera do Deus Todo-poderoso por um momento. Mas vocês terão de sofrê-la por toda a eternidade. Essa intensa e horrenda miséria não terá fim. Ao olhar para o futuro, vocês verão à frente uma interminável eternidade, de duração infinita, que irá devorar vossos pensamentos e assombrar vossas almas. E vocês irão se desesperar, com certeza, por não conseguirem nenhum livramento, termo, alívio ou descanso para tanta dor. Saberão também, que terão de sofrer até à última gota por longos séculos, por milhões e milhões de anos, lutando e pelejando contra essa vingança inclemente e todo-poderosa. Então, depois de passar por tudo isso, quando tantos séculos vos tiverem consumido, saberão que tudo não passa apenas de uma gota d'água quando comparado ao que ainda resta. Portanto, vosso castigo será, com certeza, infinito. Oh!, quem poderia exprimir o estado de uma alma em tais circunstâncias? Tudo o que pudermos dizer sobre o assunto, vai nos dar, apenas, uma débil e frágil visão da realidade. Ela é inexprimível, inconcebível, pois "Quem conhece o poder da ira de Deus?"
Que horrendo é o estado daqueles que diariamente, a cada hora, se encontram em perigo de sofrer tamanha ira e infinita miséria! Mas esse é o caso sinistro de toda alma que ainda não nasceu de novo, por mais moral, austera, sóbria e religiosa que seja. Queira Deus vocês pensassem em todas essas coisas, sejam jovens ou velhos. Há razões de sobra para acreditar que muitos daqueles que ouviram o evangelho certamente estarão expostos a esse tormento por toda a eternidade. Não sabemos quem são eles, nem o que pensam. Pode ser que estejam tranqüilos agora, escutando esta mensagem sem se perturbarem muito, e que estejam até se gabando de que, no caso deles, conseguirão escapar. Se soubéssemos que dentre os nossos conhecidos existe uma pessoa, uma só, sujeita a sofrer tal tormento como seria doloroso para nós encarar o assunto. Se conhecêssemos essa pessoa, sempre que a víssemos uma tal visão seria terrível para nós. Iríamos todos levantar grande choro, e prantear por sua causa. Mas, infelizmente, em vez de uma pessoa só, é provável que muitos se lembrem destas exortações somente no inferno! E inúmeras pessoas podem estar no inferno em breve tempo, antes mesmo do ano terminar. E aqueles que estão agora com saúde, tranqüilos e seguros, podem chegar lá antes do amanhecer. Todos os que dentre vocês continuarem até o fim em estado natural pecaminoso, e que conseguirem ficar fora do inferno por mais tempo, estarão lá também em breve. Sua condenação não tardará; virá de súbito, e provavelmente para muitos de vocês, de maneira repentina. Vocês têm toda razão em se admirarem de não estar ainda no inferno. É ocaso, por exemplo, de alguns conhecidos seus, que não mereciam o inferno mais do que vocês e que antes aparentavam ter possibilidade de estarem vivos agora tanto quanto vocês. Para o caso deles já não há esperança. Estão clamando lá em extrema penúria e perfeito desespero. Mas aqui estão vocês, na terra dos vivos, cercados pelos meios de graça, tendo a grande oportunidade de obter a salvação. O que não dariam aquelas pobres almas condenadas, desesperadas, pela oportunidade de viver mais um só dia, como que vocês desfrutam neste momento!
E agora vocês têm uma excelente ocasião. Hoje é o dia em que Cristo abre as portas da misericórdia de par em par, e se coloca de pé clamando e chamando em alta voz aos pobres pecadores. Este é o dia em que muitos estão se reunindo a ele, se apressando em chegar ao reino de Deus. Inúmeros estão vindo diariamente do norte, sul, leste e oeste. Muitos que estavam até bem pouco tempo nas mesmas condições miseráveis que vocês estão felizes agora, com os corações cheios de amor por Aquele que os amou primeiro, e os lavou de seus pecados com seu próprio sangue, regozijando-se na esperança de ver a glória de Deus. Como é terrível ser deixado para trás num dia assim! Ver os outros se banqueteando, enquanto vocês estão penando e se definhando! Ver os outros se regozijando e cantando com alegria no coração, enquanto vocês só têm motivos para prantear por causa do sofrimento de seus corações, e de lamentar por causa das aflições e vossas almas! Como podem vocês descansar por um momento sequer em tal estado de alma? Será que vossas almas não são tão preciosas como as almas daqueles que, dia a dia, estão se juntando ao rebanho de Cristo?
Não existem, porventura, muitos que, apesar de estarem há longo tempo neste mundo, até hoje não nasceram de novo, e por isso são estranhos à comunidade de Israel, e nada têm feito durante a vida, a não ser acumular ira sobre ira para o dia do castigo? Oh! senhores, o caso de vocês é, sem dúvida, extremamente perigoso. A dureza de vossos corações e a vossa culpa são imensas. Acaso vocês não vêem como geralmente pessoas de vossa idade são deixadas para trás na dispensação da misericórdia de Deus? Vocês precisam refletir e despertar de vosso sono, pois jamais poderão suportar a fúria e a ira do Deus infinito. E vocês que são rapazes e moças, irão negligenciar este tempo precioso que desfrutam agora, quando tantos outros jovens de vossa idade estão renunciando às futilidades da juventude e acorrendo céleres a Cristo? Vocês têm neste momento uma oportunidade, mas se a desprezarem, sucederá o mesmo que agora está acontecendo com todos aqueles que gastaram em pecado os dias mais preciosos de sua mocidade, chegando a uma terrível situação de cegueira e insensibilidade. E vocês crianças, que não se converteram ainda, não sabem que estão indo para o inferno onde sofrerão a horrenda ira daquele Deus que agora está encolerizado contra vocês dia e noite? Será que vocês ficarão felizes em ser filhos do diabo, quando tantas outras já se converteram e se tornaram filhos santos e alegres do Rei dos reis?
Queira Deus todos aqueles que ainda estão fora de Cristo, pendentes sobre o abismo do inferno, quer sejam senhoras e senhores idosos, ou pessoas de meia idade, quer jovens ou crianças, que possam dar ouvidos agora aos chamados da Palavra e da providência de Deus. Este ano aceitável do Senhor que é um dia de grandes misericórdias para alguns, sem dúvida será um dia de extremo castigo para outros. Quando negligenciam suas almas os corações dos homens se endurece, e a sua culpa aumenta rapidamente. Podem estar certos, porém, que agora será como foi nos dias de João Batista. O machado está posto à raiz das árvores; e toda árvore que não produz fruto, deve ser cortada e lançada no fogo.
Portanto, todo aquele que está fora de Cristo, desperte e fuja da ira vindoura. A ira do Deus Todo-poderoso paira agora sobre todos os pecadores. Que cada um fuja de Sodoma: " Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em toda a campina; foge para o monte, para que não pereças ."
“E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens”. “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus”. (II Coríntios 5.11-20; 6.2). “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” . (Isaías 55.6-7). Amém.


Sermão traduzido e publicado pela Editora PES . Não distribua sem a devida autorização da editora. Contribua para que novas preciosidades sejam traduzidas: adquira já o seu exemplar! Clique aqui.